Esse texto é uma colaboração especial de uma autora convidada 💖 As opiniões aqui expressas são pessoais e não refletem, necessariamente, a visão do No Mundinho do GL — mas adoramos abrir espaço pra múltiplos opiniões e perspectivas!
Uranus 2324, o primeiro filme de FreenBecky como duo, é, antes de qualquer coisa, um filme sobre amor. Não o amor realista, cotidiano, cheio de explicações e conflitos familiares, mas aquele amor utópico, quase impossível, que atravessa tempo, espaço e até a morte.
Em um cenário onde a representatividade sáfica ainda é recente e muitas vezes retratada como exceção, a obra surge como um respiro. Durante anos, amar mulheres foi aprendido no improviso, sem referências ou roteiros a seguir. O cinema GL tailandês já vinha oferecendo acolhimento e cura, mas Uranus 2324 vai além: ele nos devolve a crença infantil de que o amor pode ser maior que a vida
A protagonista não questiona por que as coisas acontecem da forma como acontecem. Ela não gasta energia tentando entender a lógica do impossível. O que importa é agradecer pela chance de viver intensamente ao lado de seu grande amor. E nisso reside a força do filme: não há explicação sobre como esse sentimento se construiu, porque ele simplesmente existe. O amor aqui é absoluto, não precisa ser racionalizado.
Se, para alguns, o final pode parecer aberto, para outros ele é cristalino. Uranus 2324 deixa claro que, independentemente das barreiras, sempre escolherá o amor. Essa convicção, raríssima no cinema contemporâneo, transforma a obra em um manifesto: o direito de sonhar ainda é nosso.
Assistir o filme Uranus é como revisitar a infância. É lembrar das histórias de princesas, das bonecas que viviam romances eternos, da sensação de que o amor sempre vence. Mas agora com a diferença crucial: a representação sáfica está no centro da narrativa. O que antes nos foi negado aparece aqui como direito, não como crime, não como transgressão, mas como algo natural.
O filme não se propõe a falar de sexualidade, mas de amor. E justamente por isso toca tão fundo. Ele nos lembra que a fantasia tem seu valor, que acreditar em um amor impossível também é uma forma de resistir ao peso da realidade.
Uranus 2324 é, em essência, um lembrete: amar continua sendo o gesto mais revolucionário e mais humano que existe.
Esse texto é uma colaboração especial de uma autora convidada 💖 As opiniões aqui expressas são pessoais e não refletem, necessariamente, a visão do No Mundinho do GL — mas adoramos abrir espaço pra múltiplos opiniões e perspectivas!
Escrito por:
Que crítica mais linda, sensível e tão bem escrita… Eu sempre gostei muito de Uranus, mesmo sem entender direito ofilme e o porquê disso. Cheguei a achar que era só por causa do meu carinho por Freenbacky, mas lendo suas palavras, tudo se encaixou de um jeito muito bonito. Obrigada por compartilhar esse olhar tão delicado, J2. De verdade.