Esse texto é uma colaboração especial de uma autora convidada 💖 As opiniões aqui expressas são pessoais e não refletem, necessariamente, a visão do No Mundinho do GL — mas adoramos abrir espaço pra múltiplos opiniões e perspectivas!
Entre tantas produções do gênero GL, “Us: The Series” se destaca como uma obra rara: sensível sem ser piegas, romântica sem forçar a barra, e profundamente humana sem deixar de ser envolvente. Não é apenas uma história de amor entre duas mulheres. É uma narrativa sobre perdas silenciosas, traumas herdados e a força que surge quando escolhemos o afeto em vez da amargura. “Us” é uma série que não grita para ser notada, ela te conquista no silêncio, nos olhares prolongados, nos toques sutis e nas palavras que ficam entaladas.
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P’Fon e sua direção refinada e sensível
Dirigida por P’Fon, que já nos presenteou com títulos como 23.5 e 10 Years Ticket, essa produção representa um salto na sensibilidade narrativa da diretora. Em “Us”, ela não apenas dirige, ela sente a série. Cada plano é carregado de intenção emocional. A direção entende quando precisa se recolher para deixar os personagens respirarem e quando deve aproximar a câmera para que o público sinta, junto com eles, o peso da dor ou a leveza de um instante feliz.
A estética visual, de tons quentes que evocam acolhimento e segurança, é interrompida com maestria quando a narrativa exige intensidade ou desconforto. A casa opressora de Khem, o ambiente íntimo de Vovó Bua, os espaços compartilhados por Pam e Dokrak, todos funcionam como personagens silenciosos, refletindo a jornada emocional de quem os habita.
Romance com alma e química

É difícil falar de “Us” sem mencionar a entrega de Bonnie e Emi como Dokrak e Pam. O romance entre elas foge da superficialidade que ainda assombra tantas produções do gênero. Aqui, não há fetichização, nem fanservice exagerado. Há profundidade, hesitação, dúvida e entrega. O relacionamento entre Pam e Dokrak é construído com o cuidado de quem sabe que o amor, quando verdadeiro, se revela nos detalhes: em um abraço longo demais, em uma troca de olhares silenciosa, em uma música cantada em voz baixa.
A química entre as atrizes transcende a tela. E não apenas nos momentos românticos, mas também nos conflitos, nas inseguranças, na dor da perda e no medo da rejeição. É um amor que cresce com o tempo, e que convida o espectador a crescer junto com ele.
Outros Personagens

“Us” não se contenta com protagonistas bem desenvolvidas, ela entrega um elenco inteiro com motivações claras, conflitos internos consistentes e jornadas reais. Dokrak e Kawi, por exemplo, ilustram dois extremos de resposta ao trauma familiar: a fuga que busca reconstrução e a permanência que adoece. Já Pam e Nene nos mostram os dois lados da perda, a que encontra cura no afeto e a que se perde na sede de vingança.
Khem, o antagonista da série, não recebe uma redenção forçada. e isso, ironicamente, o torna ainda mais real. Em vez de seguir a fórmula cansada de “vilão com final feliz”, “Us” escolhe manter sua coerência emocional até o fim. E é exatamente por isso que o impacto narrativo da série é tão duradouro.
A trilha sonora de “Us”, também é um personagem à parte, não está ali para preencher o silêncio, ela existe para ampliá-lo. A escolha das músicas, os momentos em que elas surgem e a forma como interagem com as emoções dos personagens são dignas de estudo. Há um momento especial, no episódio 7, em que Pam canta a música tema de Dokrak. Ali, a música deixa de ser apenas som: ela se torna parte da narrativa, quase como se fosse um terceiro personagem dentro daquela cena.
A voz de Emi, delicada e cheia de emoção contida, nos leva para dentro da alma da personagem. E nesse instante, o espectador não apenas ouve, ele sente. E esse é o verdadeiro poder da música quando usada com intenção.
Nem tudo é perfeito

Embora a série peque em alguns momentos de ritmo — especialmente em seus episódios finais — e certos arcos tenham sido apressados ou subexplorados, como o divórcio de Kawi ou a morte repentina da Vovó Bua, essas decisões narrativas não chegam a comprometer o todo. O impacto emocional permanece. O universo construído segue coeso. E mesmo os pequenos tropeços parecem surgir mais por limitação de tempo do que por falta de sensibilidade.
A personagem Nene, por exemplo, poderia ter se beneficiado de um desenvolvimento mais constante. Seu arco, embora impactante, chega tarde demais para realmente se enraizar no emocional do público. Ainda assim, mesmo os caminhos menos explorados da série carregam significado, e isso é raro.
“Us” termina como começou: com honestidade. O final não busca reviravoltas artificiais nem soluções fáceis. Ele respeita a jornada emocional construída até ali. Respeita os personagens, os espectadores e a história que decidiu contar. Ao fim, o que fica é uma sensação estranha de vazio — não porque algo faltou, mas porque é difícil se despedir de uma história que te fez companhia com tanta delicadeza.
Conclusão:
“Us: The Series” é um respiro dentro do gênero GL. Uma obra que entende que o amor pode ser doce, mas também doloroso. Que vínculos reais são construídos com tempo, cuidado e empatia. Que família é mais do que sangue, é escolha. E que a cura vem, quase sempre, de mãos dadas com a aceitação.
Em tempos de narrativas apressadas e amores moldados para o algoritmo, “Us” nos lembra que o verdadeiro impacto está nas histórias contadas com coração. E por isso, essa série não é só uma das melhores produções GL já feitas, é uma das mais humanas também.
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