Critica: Reverse With Me 

Reverse with me

Esse texto é uma colaboração especial de uma autora convidada 💖 As opiniões aqui expressas são pessoais e não refletem, necessariamente, a visão do No Mundinho do GL — mas adoramos abrir espaço pra múltiplos opiniões e perspectivas!


Reverse With Me surgiu como uma promessa ousada e delicada no cenário GL tailandês. Adaptado da obra de Zezeho, um romance envolvente que mescla ficção científica, romance e dor com uma intensidade rara, o live action produzido pela SiamSi Studios trouxe consigo não só expectativa, mas também responsabilidade. No entanto, o que poderia ter sido uma jornada emocionante e transformadora sobre amor, tempo e coragem, acabou se tornando um espelho fragmentado de sua origem literária – bonito, mas quebrado em pequenos pedaços. 

A maior falha da série não está em sua ambição, mas na falta de espaço para que essa ambição respirasse. O número limitado de episódios – apenas oito – sufocou a possibilidade de uma narrativa mais profunda, rica em desenvolvimento emocional e nuances dramáticas. Com um universo tão carregado de conceitos temporais, relações complexas e uma protagonista emocionalmente dividida, não havia como condensar essa história sem perder sua essência.

Pra quem caiu de paraquedas aqui e quer saber um pouquinho mais sobre a Trilogia de Reverse With Me (que veio depois de Reverse4You), fizemos aqui um post completo contanto tu-do.

Uma direção artística que tenta salvar o irrecuperável 

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Foto: Reprodução SiamSi

É impossível ignorar o valor de produção apresentado pela SiamSi. A cinematografia é sofisticada, com uma paleta de cores cuidadosamente pensada para espelhar os sentimentos de Kliao e a atmosfera das cenas. As escolhas visuais para os momentos entre Kliao e Karan, oníricos, leves, quase etéreos, contrastam com a densidade visual dos encontros familiares ou os confrontos mais dramáticos. 

Há beleza em cada frame, uma intenção clara em criar uma obra sensorial. Contudo, o impacto visual não é suficiente para sustentar o desequilíbrio do roteiro. O espectador se vê obrigado a preencher lacunas narrativas deixadas pela pressa, como se estivesse constantemente tentando adivinhar os bastidores emocionais que a série se esqueceu de mostrar. Relações que deveriam emocionar, como a amizade entre Karan e Fiat ou a conexão de Kliao com seus colegas de banda, são tratadas como detalhes periféricos. Momentos decisivos que mereciam silêncio, tempo e emoção se tornam cenas apressadas, desprovidas de profundidade.

A dor de ver um relacionamento que merecia mais 

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Foto: Reprodução SiamSi

Karan e Kliao são, no papel, um dos casais GL mais interessantes dos últimos anos. Elas são opostas e complementares, ligadas não só pelo tempo que as une e separa, mas pela coragem silenciosa de se escolherem mesmo quando tudo parece contra. No entanto, a versão live action nos entrega uma relação que parece estar sempre à beira de se desenvolver, mas nunca chega lá completamente. 

A química entre as atrizes oscila, e isso se torna ainda mais evidente quando o roteiro insiste em desviar o foco do casal principal para tramas secundárias, como o casal heterossexual que, surpreendentemente, recebe um tempo de tela injustificável. A impressão que fica é a de uma hesitação narrativa: como se a série tivesse medo de confiar plenamente no seu próprio centro emocional. 

E se tivéssemos mais tempo? O que teria sido? 

O episódio 7 é o maior exemplo do potencial desperdiçado. Deveria ser o clímax emocional da série, o ponto em que as escolhas se tornam irreversíveis e as verdades são finalmente reveladas. Em vez disso, o episódio corre. A cena de Maitree sacrificando anos de sua vida para salvar Kliao – que no livro é de cortar a respiração – se transforma em uma sequência anticlimática, que termina antes mesmo de começarmos a sentir algo. É quase como se o próprio tempo estivesse sendo cruel com os personagens e com o público. 

Essa aceleração narrativa não apenas compromete os momentos mais importantes como também enfraquece o impacto emocional das reviravoltas. Não há tempo para digerir, para sofrer com as personagens ou se apaixonar de verdade por suas lutas. A profundidade do livro é substituída por uma urgência superficial. 

Uma série imperfeita, mas com um coração pulsante 

Reverse-with-me-2-1024x574 Critica: Reverse With Me 
Foto: Reprodução SiamSi

Mesmo com suas falhas gritantes, “Reverse With Me” carrega algo precioso: uma sinceridade emocional que sobrevive às falhas técnicas. A relação entre Karan e Kliao, mesmo subexplorada, ainda é um sopro de frescor dentro do gênero GL, muitas vezes marcado por padrões tóxicos ou mal resolvidos. Aqui, temos duas mulheres tentando se comunicar, amar e sobreviver, não por drama exagerado, mas por dores reais e escolhas difíceis. 

Além disso, a trilha sonora, o CGI competente, e o carinho colocado em cada detalhe da estética tornam a série digna de reconhecimento. É uma obra que falha por querer demais e não conseguir sustentar, mas nunca por falta de amor à história. O esforço é palpável, e para muitos fãs do livro, ainda é uma experiência válida, mesmo que frustrante.

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Esse texto é uma colaboração especial de uma autora convidada 💖 As opiniões aqui expressas são pessoais e não refletem, necessariamente, a visão do No Mundinho do GL — mas adoramos abrir espaço pra múltiplos opiniões e perspectivas!

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